quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Corvos e beija-flores.

Pr.Abimael Alves.




Não te indignes por causa dos maus feitores, nem tenha inveja dos que praticam a iniqüidade, Pois dentro em breve definharão como a serva verde. (Salmo 37)


O corvo e o beija-flor voam no mesmo céu, e sobrevoam as mesmas planícies, contemplam as mesmas belezas da vida, sentem o mesmo perfume das flores, refrescam-se como a mesma chuva, são expostos aos mesmos dissabores da vida, diante da morte sentem o mesmo frio em corpos inertes, o odor da consumação e o terror da partida, tudo isso visto do mesmo céu, sobrevoando as mesmas cenas.


Ai vem à pergunta que faz tremer alma e inquietar o mais passivo dos homens: Porque um escolhe a carniça e o outro o nécta da flores?


Talvez a resposta esteja em saber o que carregamos em nossa alma, que tipo de alimento está nutrindo a nossa alma? Afinal, somos o que comemos, somos reflexos dos ambientes que vivemos e alcançados pela sombra daqueles que nos rodeiam.


As pessoas que se sentem atraídas por nós, geralmente são, por encontrarem em nós algo muito parecido com o que está dentro delas, o odor ou o perfume que emanam do nosso ser, é o que vai atrair os que conosco querem caminhar.


Pessoas boas atraem para si, o mesmo tipo de pessoa, assim também acontecendo ao contrário, mentirosos andam com mentirosos, invejosos se certam desse mesmo tipo de gente, não mente o dito popular que diz: “Mostre-me com quem andas e eu lhe mostrarei quem tu és”. Este caminha não se refere a pessoas que estão caminhando, mas não estão se deixando influenciar, muito pelo contrário estão influenciando.


Cristo andou com pecadores, mas não pecou, andou com ladrões, mas nunca roubou, andou com mentirosos e nunca mentiu o perfume que exala da vida de Cristo era mais forte que o odor da carniça que exalava dos que com ele andavam ao andar com Cristo o ladrão deixou de roubar, a prostituta se arrependeu, o credor aprendeu a perdoar.


Tudo isso é resultado de uma alma bem alimentada, uma alma que não se deixou manchar pelo ódio, nem se escureceu diante maldade humana, não deixou apodrecer dentro dela a carniça dos sonhos desfeitos, nem das frustrações que teve colher em meio ao caminho.

Ao invés disso escolheu as flores, deitou na relva, banhou-se no riacho da esperança, sentiu o perfume das margaridas, e deleitou-se com o mel das azaléias, e saciou a sua alma com o orvalho da vida de como conta gotas caía da folha do bambuzal que se dobra diante da sinfonia do vento, mas logo volta a ficar de pé para aplaudir o espetáculo da vida.


Os corvos e os beija-flores continuarão incansavelmente sobrevoando os mesmo lugares, tendo todos os dias o direito de escolher onde pousar. Saber onde pousamos a nossa vida faz toda a diferença para saúde da nossa alma.


As flores estão no caminho, aqueles que desejarem colhê-las sempre terão dentro de si um pouco do seu mel....